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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Roda gigante

Vocês já sentiram culpa por estarem felizes? 
Ao olhar pra fora e ver tanta tristeza, quase não me sinto no direito de usufruir momentos bons. 
Sei que a vida é assim, mas não ser alienada tem esse preço. 

Sei que no mesmo hospital onde morre uma criança nasce outra. E meu pai sempre brincou dizendo que a vida é uma roda gigante, aproveite enquanto você está em cima. É  verdade. Mas é difícil ser inteiramente feliz quando alguém perto e não pode sentir a mesma coisa, por alguma dificuldade. 


Mais um desafio pra mim,  aprender a não projetar em mim o sofrimento de fora. Que eu acho que o outro deve estar sentindo (como me sentiria se estivesse na situação da dor). Não misturar e saber aproveitar enquanto eu estou "em cima" pra juntar forças pra quando eu precisar e esperar pra subir de novo. 


Afinal na vida realmente tudo passa. Dor e alegria... E não existe 100%. Na vida é tudo misturado. A alegria com olhar cansado da vida ou a tristeza com uma  gota de esperança que arranca um sorriso no canto da boca. E por ai vai.. Vivendo a MINHA vida... 


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Quarto vazio


Vocês já pararam pra pensar no sentido da vida? As vezes não só penso como perco horas e dias nessa sensação de estar perdida. Viver para que? O que estamos fazendo aqui?
Há quem acredite que existam outras vidas, há quem acredite que só temos essa... O que quer que seja, nessa, nesse momento, em que devo focar?

Desde pequena fomos condicionados a TER ao invés de SER. Ter sucesso, ter um alto cargo de trabalho, ter o namorado (a) mais lindo rico e popular.... Não que não aprecie a beleza ou acredite que amor "enche barriga". Adoro um bom vinho, uma cama confortável, um carro bom de dirigir...
Mas me pego pensando que diante dessas expectativas DO OUTRO, da sociedade (ou seja que não somos nós), nos perdemos e esquecemos de escolher o que NOS faz bem. Natural, afinal ninguém acredita que pudesse se sentir bem vivendo sozinho ( ou com poucas e seletivas companhias, por que também fomos condicionados que ser amado é estar cheio de gente em nossa volta). 

Não que eu não goste de ser amada. Eu também gosto. Gosto de ter meu lugar, de ser vista com bons olhos. Gosto de agradar quem eu aprecio e as vezes até ganhar um elogio. Tanto gosto que, durante muito tempo pensei: então, se eu quero ser "aceita" e muitas vezes "admirada" não deve fazer mal tomar minhas decisões, escolher caminhos que me conduzam a isto (agradar "o outro")... Certo?  

Mas depois de passar por tantas situações de vazio na minha vida, depressão  e conversar com vários profissionais eu diria que NÃO. Não esta certo. Por isso a importância de nos conhecermos. Por que pude perceber que a solidão em meio a multidão dói tanto quanto sozinha. 

Eu tive um terapeuta que vou sempre citar falas dele. Foi para mim como um anjo. Infelizmente faleceu antes deu passar uma das fases mais difíceis da minha vida. Minha depressão. Carrego muita coisa que ele me ensinou.  Foi uma pessoa sábia, bondosa e acima de tudo seletivo com a vida. Ele ESCOLHIA na vida. Aliás ele sempre pontuou que minha maior dificuldade era fazer escolhas. Ele sempre dizia que eu não sabia O QUE perder. Concordo. Mas pra piorar acho que também nunca soube O QUE ganhar. Todo ganho tem uma perda. E não sabia em que focar. Escolher para mim ou para os outros? O problema é que nem sempre essa decisão está alinhada. O que faz bem à minha alma provavelmente não atenderia à expectativa  que os outros tem sobre minha vida, sobre mim.  

Mas, e se eu apenas focar em ser admirado? Conheço pessoas assim ... Muitas. O problema é que a admiração é perigosa. Admira-se o que querem, não o que somos. E assim quando deixarmos de ser "aquilo" que querem perdemos a admiração do outro. Como diz minha mãe " a mesma mão que te aplaude te aponta ". Confesso que tentei ser admirada. E pensava, mas então, é só fazer aquilo que esperam. Tudo bem, eu poderia até abdicar da minha vida e viver para o outro. Mas, como eu saberia o que cada um esperava de mim? Como eu saberia como agradar? E nessa tentativa, olhava pra fora e não pra dentro. Na tentativa de atender a todas expectativas eu me perdia mais... E aparecia a solidão de quando nos abandonamos. Por qualquer que seja o motivo. E fui percebendo que essas tentativas eram em vão, por que como disse, nunca fui muito popular e aceita na maneira de ser. E deparei com um vazio. Grande e solitário. Não tinha "o outro" (falsa ilusão por que NUNCA TERIA) e o mais sério , não tinha "a mim". 

De repente me vi como um quarto vazio que deixei de colocar com as flores que eu gosto, esperando visitas. Visitas que muitas vezes não entravam e quando entravam estavam de passagem. E continuava vazio, por que a única pessoa que de fato preencheria, sempre, o vazio do MEU quarto seria EU. Mas essa única pessoa, a mais importante, eu nunca convidei com carinho. Essa, nunca fiz questão de ouvir e perguntar o que ela gosta. Essa, que sou eu!!!

Mas agora, vou me aproximar devagarinho e carinhosamente, lhe dar atenção e tentar convencer que pode entrar por que é seguro. E que acima de tudo "ela" agora está EM CASA, no seu quarto, não mais vazio. 



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Vivendo comigo


Desde muito nova eu frequento a terapia, análise como quiserem chamar. Nunca me preocupei com o tipo de análise e sim se me ajudava ou não. Se eu crescia ou não. Alguns eu saí por questões da vida outros por não me adaptar mesmo. Havia fases que eram “insights” dia após dia e fases que parecia mais um momento de conversa, filosofia. Mas sempre amei. Não, não sou maluca. Mas acumulei frases, conselhos (raros por que terapeutas não são de opinar), exemplos de vida que me enriqueceram muito. Com essa bagagem me sinto mais forte na caminhada da vida, para lidar comigo mesmo e com as pessoas. Desenvolvi uma facilidade de interpretar as pessoas, que me ajuda, quando quero ME OUVIR, a me proteger.

Sempre tive um jeito “muito singular” de pensar e de ver a vida. Quando digo singular não considero melhor. Sei que cada um tem seu próprio jeito de pensar (por isso as aspas), mas acredito que existam pessoas com mais facilidade para lidar com as questões cotidianas, que outras. Mais adaptáveis ao mundo em que vivem. O que não é o meu caso. Admiro profundamente essas pessoas que “sabem viver”. Eu nunca soube. Sempre fiquei entre o “saber viver” ou “ser eu”. Que por algum motivo não estava alinhado. Era um ou outro.

Aliás acredito que essa seja uma das questões cruciais da minha vida. Hoje mais velha posso ver que por algum motivo achava que ser autêntica seria ser do contra. Quando diziam que eu tinha “personalidade forte” me enchia de força para ser mais do contra ainda. Muito simples... Por que do contra? Por que nunca senti que fazia parte do social aprovado e esperado. Simplesmente não era meu mundo. Fui gordinha, agitada, brincalhona (até demais), estudiosa mas assumia que detestava, e por aí vai... Então eu me convencia que não me importava e não queria. Afinal “aquilo” não era para mim. E assim fui crescendo buscando meu valor pelas margens.

Mas... pra você definir o que é margem, você precisa definir o centro. Logo, meu foco por anos foi o que eu acreditava que eu NÃO poderia ser, para tentar ser qualquer outra coisa. Então de repente a menina “do contra” passa a prestar mais atenção naquilo que talvez ela gostaria de ser e não o que ela era. Quanta confusão.

Toda vez que tiramos o olho que nós mesmos para colocar em outra pessoa perdemos nosso referencial.

Uma das pessoas que mais marcou minha vida e já se foi dizia “ O inimigo é tudo aquilo que nos faz tirar o foco de nós mesmos”. Nossa já tive tantos inimigos. Acredito que todos temos. Seja ele amigo, namorado, marido, trabalho, sociedade.... Tudo que nos demanda além do que somos capazes de dar a nós mesmos.

E hoje diante dessa confusão optei por ser eu. Não ser mais do contra, nem do a favor, nem disso nem daquilo. Mas "ser eu"significa o que? Como é difícil criarmos os nossos PRÓPRIOS referenciais. Nossos gostos, nossas vontades, nossas expectativas. Gostar do que a sociedade aprova diz que é bom, ou pelo menos fingir que gosta é fácil... Mas e gostar daquilo bem peculiar que preenche sua alma, mas que ninguém que você conhece gosta, ou mais difícil ainda, NÃO gostar daquilo que todo mundo ama??? Isso é ser você. Mas estamos tão poluídos de informação, de opinião, de preconceitos que faz barulho na cabeça e não conseguimos ouvir a nossa voz.

É trabalhoso mas vou, passo a passo, tentando descobrir o que eu sou. Algumas vezes vou concordar com o gosto comum, outras não. Vou ser previsível, imprevisível ... O que quer que seja. Mas "do contra" não vou ser mais. Por que afinal não preciso ser contra ninguém. O foco é ser “a favor de mim”.

Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Pensamentos...


Bom... então vamos lá...

Desde criança tive a característica, mais comum do que imaginamos, de pensar, pensar e pensar. Confesso que grande parte dos meus pensamentos parece que têm vida própria. Eu tiro, mas voltam, outros eu busco e exploro, de outros eu tendo fugir e alguns ficam só ocupando espaço da minha atenção. Com o tempo aprendi que não adianta.... Eles virão! E o que me resta?
Aprender a lidar com eles. Desafio diário, de alguém que ainda por cima entende a necessidade de explorar grande parte deles, para crescer.

E agora? Tentar colocar aqui o que passa pela minha cabeça. Depois de tantos pensamentos perdidos, tantas conclusões tiradas e refeitas, tantas hipóteses, tantos medos e tantas paixões.

Para cada palavra vem milhões de outras para substituir... Para cada ideia, existem várias outras tão boas quanto a primeira. E de repente me vejo paralisada em frente ao teclado para escolher a melhor. A melhor palavra, a melhor frase, a melhor ideia com a melhor frase, composta pelas melhores palavras... Ufa!!! Exaustivo não? Mas depois de alguns segundos os pensamentos são trocados. E logo vêm outros... “Por que as melhores palavras?” ou “Quais são as melhores palavras para expor sua alma?”. E de fato não existem melhores. Existem AS MINHAS. AS QUE EU ESCOLHI! Para simplesmente tentar compartilhar o que considero mais precioso em mim: minha alma e meus pensamentos.

Talvez depois de postar eu releia e descubra que havia uma maneira melhor de escrever...
E como diz meu pai “sempre que olhamos para o passado e acreditamos que podemos fazer a mesma coisa melhor, é por que crescemos”. Nem sempre sinto esse orgulho de ter crescido, fico mesmo é preocupada com o quão ruim foi algum erro... Esse é só um dos exemplos de pensamento que tento explorar para crescer. Mas nesse caso não tem problemas esses seriam “pequenos erros” … Sem consequências significantes. Assim posso ser mais simples mais leve e dividir parte deles, que me ajudaram e me ajudam dia após dia a crescer e me tornar a mulher (confesso que gostaria de continuar menina), que sou hoje.